domingo, 30 de março de 2008

sem tom nem jobim

te quero
não sei se a ti
quero a tua fantasia
que me provoca alegria
e espera ansiosa pelo dia
em que tua presença será certa.
quero a poesia
que tua pele dourada irradia.
o sol que vejo iluminar-te
acende assim
minha pressa,
minha agonia.
te quero.
e esperar me dói.
(08/10/07)

quinta-feira, 27 de março de 2008

É preciso achar o caminho
E andar sem medo
Com fé e coragem
Fazendo certinho.
Rompendo barreiras
Vencendo disputas:
De tempos em tempos
A vida te escuta.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Queridos amigos

Faço hoje uma pequena pausa na poesia pra comentar a série “Queridos Amigos”.
Como começo gostaria de lamentar que a Globo só faça coisas tão boas de tempos em tempos. Essa série (e algumas outras) mostram a capacidade de fazer programas de qualidade, autênticos, verdadeiros, enriquecedores, e, sobretudo, extremamente humanos. Invariavelmente eu choro, no meio e no final de cada capítulo. E sei que não sou a única.
Parece-me que essa característica de humanidade real é que agrada tanto às pessoas. Ali aparecem histórias de vida verdadeiras, cheias de sofrimento, de angústias, de dúvidas, de desespero, mas também de descobertas, retomadas, recomeços.
Gosto muito da personagem Lena, brilhantemente interpretada pela Deborah Bloch. A Lena é de verdade. Já apostou todas as fichas num homem que foi covarde (soa redundante, né?), fez concessões inadmissíveis (por culpa) e pagou um preço bem alto. E mais: Lena é artista, pinta e tem uma lucidez assustadora.
Já o Ivan, o covarde, não merece nosso rancor. Ele escolheu viver enclausurado numa vida medíocre. Não pensem que alguém escolhe isso assim, voluntária e conscientemente. A gente faz escolhas usando as ferramentas de que dispõe. Para alguns, há poucos recursos, especialmente emocionais. Digo isso pra mim mesma, óbvio, tentando entender coisas que eu fiz e que hoje me parecem tão insanas.
E o Tito? Que alma pura! Um idealista de verdade. Alguém que vai além do discurso. Coitado, ele acredita na revolução. Não sabe ainda que o ser humano é meio estragado, nunca é completamente bom.
Não posso deixar de mencionar o núcleo GLS: os travestis meigos e dóceis e a dona Iraci, agora tão triste com a morte do seu Alberto.
O que me prende aos “Queridos Amigos” é que todo dia, a cada capítulo, eu aprendo alguma coisa, da vida e de mim.
E prá encerrar: o que é aquele cabelo asqueroso do Pingo???

terça-feira, 25 de março de 2008

"3 minutos con la realidad"

Quando pesa a realidade
Sento e escuto
Os barulhos da cidade.
Vizinhos barulhentos
Debatem o circo do momento.
Preciso das letras
Do papel
E das canetas.
Pra entender que se passa
Pra desvendar o sentido
De não sermos
Só carcaça.

segunda-feira, 24 de março de 2008

PRINCESAS

Batem perna na calçada
Usam micro-sainhas
Cobram quase nada
Embalam suas vidinhas
A música brega
E porrada.
Filosofam longamente
Pouco sabem
Do que sentem.
Dormem de dia,
Saem à noite
E esperam
A próxima enchente.

domingo, 23 de março de 2008

dez páscoas

Diferença não há
Entre vermelho e azul
Ambos belas cores
Vivas e permanentes
Como eternos amores.
Uma década de Páscoas
Saboreada com sol
Doída de dúvida
Entre o bem e o mal.
Dez anos passados
Um passeio ao sul
E a vista do rio
Mostram sorrindo:
Eterno é o amor
Que segue existindo.

sábado, 22 de março de 2008

sábado

Vidas autênticas
Recheadas de realidade:
Dor, medo, saudade.
Lições aprendidas,
Verdade espalmada:
Conversa encerrada.
Chega o momento
De lamber as feridas,
Distrair a visão,
dar a partida:
rumo a convites
em cima da hora.
Sem compromisso
Sem demora.
Agitam-me músicas
Com toques de cólera.

sexta-feira, 21 de março de 2008

só pra me ver passar

Tem um moço que me espera
Todo dia
Espiando na janela.
Fiel e paciente
Sorri todo contente,
Admira meu andar.
Espera atentamente
Meu passo sério
e freqüente.
Alegra meu fim de tarde
Me faz importante:
Sentir-me a manequim na passarela
Certa de que o aplauso
É todo pra ela.

sexta-feira santa

Hoje acendi uma vela
Pro menino Jesus
Avessa ao cristianismo
Reconheço:
Foi um espírito de luz,
Como tal
Incompreendido
Acabou pregado na cruz.

quinta-feira, 20 de março de 2008

o coelho de alice

Da horta do dia
Há muito que colher,
Corro, me apresso
Sinto o sangue correr.
Projetos e planos
Tenho pra mil anos.
Vastas idéias
Largos tormentos
Pequenos pássaros:
Não os lamento.
Do coelho de Alice não fujo
Fico e enfrento,
Entro no poço
Mergulho e agüento.

sexta-feira, 14 de março de 2008

A demora

Acontece:
Passa o tempo
E não sobra nada.
Como os pássaros
Que juntos
Batem em revoada.
Tudo passa.
E eu, empacada.
Sentada na dor
Remoendo a pancada.
Cultivando a saudade,
Essa amiga malvada.
Nem que eu comesse
Apenas flores
Pra facilitar a digestão
Não funcionaria:
Até meu estômago
É só coração.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Para Luiza, pelo seu aniversário.

Prá minha pequena diva,
pura em vida,
cheia de luz e de som,
quero dar uns versinhos,
vou tentar achar o tom.
Brilha mocinha,
toda o encanto da tua doçura,
alegrando nossos dias
com tua enorme
ternura.
Chega pertinho
Faz tuas manhas
Inventa caretas
Espera o maninho.
Te quero comigo,
É sempre tão bom!
Assar um bolinho,
Dançar no meu quarto
Passar um batom.
Tua dinda quer-te por perto,
Sempre menina
cheirinho de flor
aurora de vida,
Esbanjando amor!

quarta-feira, 12 de março de 2008

CREIO

Eu não vou virar
A velha amarga
Plena em lembranças
Que anda pela casa,
Meio manca
Planejando sua vingança.
Eu ainda tenho ESPERANÇA.
Espero a vida atenta
Questionante
Feito criança.
Eu espero AMOR.
Creio em mãos dadas
Manhã de sábado
Em se entender
Sem falar nada.
Eu acredito em abraço
Cheirar o pescoço
Dormir amassada
No peito do moço.
Eu quero um amor
Em forma de gente
Que acredita e não mente
Se fica calor.
Acredito no passo
Da dança que passa
Pela voz que não cala:
Palavras de amor.

terça-feira, 11 de março de 2008

Não quero inteiro
Basta meio
Meio-Dia
E a luz dourada
De Adônis:
Visceral.
logo, logo
Recupero o fio:
Paraíso astral.
Cheiro de mato
Equilíbrio forçado
Ombros pra baixo
Sonho abafado.
Foco num ponto
Mantenho o trabalho
Do corpo cansado
Que pede um contato.
Brilha uma luz
instante de paz
É Adônis de novo:
Só ele é capaz.

momento marilyn

Manhã sonolenta,
Cabelo rebelde
Mundo virado
Estômago embrulhado.
Falta energia
Some a alegria
De horas passadas
Em camas reviradas.
Pão de queijo
Toda madrugada.
Saudade das Páscoas
Sem chocolate
Só erva (mate)
e mais nada.
Restam algumas
Cartas não enviadas:
nuvens camufladas.
Quero ver o fim do dia.
A verdadeira diva

Afunda em melancolia.

segunda-feira, 10 de março de 2008

sem nome

Toalha amarela
Cortina prateada
Ando mesmo
Pouco inspirada.
Farejo nas ruas
O plim salvador,
cheiro de luz
Um fio condutor.
Que me leve às palavras
Ou mesmo ao amor.
É muita vida
Que chega
Energia que brota
Que me desassossega
Ontem, domingo,
Ouvi um pouquinho
De música brega.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Essa postagem é uma homenagem ao último amor platônico que tive! Ou ainda: não tô inspirada pra escrever e aproveitei um texto antigo.

Aquela música continua na minha cabeça. Parece um pano de fundo pra todo resto que vai acontecer. Também penso em outras coisas, me ocupo, tento trabalhar, ler, comer, fazer xixi. E a música lá, no fundo, como trilha sonora permanente.
Claro que ela tem um motivo para estar causando esse estardalhaço, não apareceu do nada. Nada aparece do nada (quanta filosofia!). Ela está atormentando minha cabeça por causa de uma fantasia que eu criei. Fui que eu que a coloquei lá, a batucar que nem os macaquinhos da propaganda da Duracell (essa só pra quem foi criança nos anos 80).
Só que não agüento mais a fantasia e a música menos ainda. Tenho me perguntado se a gente realmente precisa de tanta fantasia pra viver. Viver em si parece bastante simples. Porque será que o cérebro recorre a tantos artifícios? Será que é o cérebro que é carente e não a pessoa que o carrega? Será que falta de amor pode ser resolvida como uma psicose qualquer? Toma-se lítio ou o ácido da hora e tudo se resolve.
O Nelson Rodrigues já dizia que tudo é falta de amor. Essa seria a causa de todos os males.
E parece que a fantasia vem pra tapar esse buraquinho. A coitada bem que tenta, mas não consegue. Porque é que nem band-aid: resolve na hora, mas depois só incomoda.
Eu quero me livrar da minha fantasia, ela, porém, parece ter gostado de mim. A mim me parece que a minha fantasia atual é uma das mais graves: eu fantasio com uma pessoa! Não faço muita idéia de como é essa criatura, no entanto, já fiz planos, sonhei, imaginei, supus, deduzi coisas que eu não tenho como saber. De novo a música, agora com uma pertinência assustadora: “como pode alguém sonhar, com o que é impossível saber?”
Senhor, livrai-me de mim! De todas as partes do corpo, o cérebro é a mais rebelde. Não há controle. Nem mesmo o químico, que é só um contornar o estado original. Imagine deixar um doido sem remédio!?
Ai de mim que não tomo remédio! Fico aqui peleando com a ansiedade, negociando com a angústia, e nem sei dizer quem ganhou no fim do dia.

quinta-feira, 6 de março de 2008

iracema

Não espera que eu te peça agora
Pra que fiques
Sei que queres ir embora.
Leva contigo tua dor
Tua mágoa
E essa falta de cor.
Tu, que não choras
Não lamenta agora
A falta de amor.
Tu, que não sabe se quer
Não lamenta agora
O pedaço de ti
Que não quer ser mulher.

quarta-feira, 5 de março de 2008

devaneios de fabi

no meu mundo imaginário
tem mais música e menos barulho
cartola, chet, charlie (o haden).
gente feliz
descomplicada
emocionada.
tem coragem
nunca medo,
de sentir sentimentos
de mostrar doces tormentos.
no meu sonho,
cabem mais flores,
mais cores,
mais sabores.
ruas mais tranqüilas
calçadas perfumadas
bocas caladas,
vontades desveladas.
Céu claro
Crianças brincando
Suas infâncias:
Preservadas.
Há saudade.
Samba, saliva
Lealdade.
Entram amores
Desejos
E alguns
Poucos
pudores.
Muito mais sol
E menos dissabores.
Música, música, música
Tom, Ella, Jorge
Muito mais ardores
Gente que não foge.
No filtro de fabi
passa um mundo
O resultado?
Ninguém sabe!

terça-feira, 4 de março de 2008

eu quero

Querer envolve sempre
E pelo menos
Duas vontades.
São desejos somados
Caminhos enlaçados
Amigos que ficam
compartilhados.
Querer precisa dos dois
São ambos mundinhos
Fundidos em flor.
Querer requer sempre dois
Duas pessoas que se querem
Sem deixar pra depois.

segunda-feira, 3 de março de 2008

primeiro plágio



faz parte do jogo:
fui jogada na rede
me jogaram confete
vibrei
fui tiete
das minhas letrinhas
agora espalhadas
fiquei assustada:
mal comecei
já fui plagiada!

domingo, 2 de março de 2008

sentimento não pensado

Não funciono pensando
Sentimento não se pensa
Vou somando
Velhos amores
Salas sem flores
Comidas
sabores.
Passo a vassoura
Tiro a sujeira que ficou
Poeira que se acumulou
Palavras sem sentido
Experimento um vestido
E saio pro baile.
Erro alguns passos
Engano o parceiro
Faço de conta
Que nem notei
O estrago que foi
E me recomponho,
Sei que tentei.