segunda-feira, 28 de abril de 2008

fugaz

Quem pode me dizer
Qual a conseqüência
De um suspiro inesperado
Num momento fugaz
De total efervescência?
Qual será a reação
De quem mal percebendo
Atreveu-se a perguntar
Como deu-se aquela chama
Que ousou incendiar?
Provocada por madeira jovem
E combustível já guardado
Brilhou qual fogo intenso
consentido e vivo
Deveras provocado.

umidade

Dia de chuva
Umidade colada no corpo
Penso no sábado
Sofro por pouco.
Quem sabe o dia
Chega de novo
Trazendo o vento
Que seca o mofo.
Mazelas da vida
Não poupam
Os loucos
Que passam os dias:
Intensos e roucos.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

vai e vem

Carência que vai
Alegria que vem.
É preciso Viver cada uma
Como quem corre
Pra pegar o trem.
Não rejeitar a dor
O cansaço e o descaso
Pra saber aceitar da vida
Os presentes e os abraços.
Os beijos quase roubados
De príncipes do acaso.
Doar pra receber
Acreditar pra não sofrer
Cantar pra amanhecer
Dançar pra esquecer
Sorrir, como quem descobre o segredo
da delícia que é viver.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

romântica

Penso no moço
De sorriso iluminado,
Tênis colorido
E paletó bem cortado.
Conversa comigo de lado
Deixando-me em dúvida:
Indiferente
Ou acanhado?
Seus olhos bem estreitos
São um imã encantado.
Que me puxam bem de leve
E não me dão nenhum respaldo.
Não paro de pensar
No sorriso iluminado
Desse moço que um dia
Vai ser meu bem amado.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

dez anos

Tento imaginar
Quem serei
Em dez anos.
A conclusão:
Não sei.
Tento achar algum sentido
No tempo
Que certamente terei perdido.
Em quantos projetos
Terei cumprido.
Como estará meu cabelo?
Escuro
Ou descolorido?
Quem será a pessoa
Que comigo tem vivido?
Terei eu realizado
As fantasias do Cupido?
Terei eu recuperado
Os amigos
E os livros perdidos?
Serei capaz de rever
Conceitos já antigos?
Terá meu lugar no mundo
Aumentado
Ou encolhido?

domingo, 13 de abril de 2008

bons princípios

de tudo que é rude
quero distância:
grosseria gratuita
zero de conduta
problemas na infância.
quero pra mim
só gentileza.
gente que sabe
portar-se à mesa.
pra mim, quero flores
intenções maduras
programas alegres
sem dissabores.
mais bela é a vida
quando adulta
rica em conteúdo
cheia de cores.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

anjo amigo

Há dias de pouco
abandono
Carência e até
Maldade.
Mal que um dia acaba
Pelas mãos de um sábio
Amigo
Que, por nada,
te abraça.
Bendito seja ele
Anjo da guarda
Que estende o tapete
Enquanto tu passas.

terça-feira, 8 de abril de 2008

chico & stones

Uma delícia é
Estar inspirada.
Ver em cada fato
Uma nova charada.
Viver frente
E verso.
Dar espaço pro caminho
Pro frio
E pro mormaço.
Ouvir Chico
E talvez Stones.
No mesmo dia
Mudando nomes.
Revirando a casa
Matando a fome.

imoral

Não nego o que sinto
Sou viciada
Imoral
Tarada.
Aceito que ganho
E dou o que quero.
Não tenho paciência
com lero-lero.
Repressão eu dispenso
Qualquer forma de molde,
Me deixa em suspenso.
Contradição é vida
Em movimento.
Sadia
Bandida.

domingo, 6 de abril de 2008

fada madrinha

Mil passos
Corridos.
Apressados
Foram outrora
Razão de fracasso.
Corria muito.
Sentia cansaço
De olhar
Para todos os lados.
Perdida
Longe de mim
Senti
E segui
O meu coração.
Não tardou a chegar:
Lucidez!
Fada madrinha
Varinha brilhante
Mostra-me sempre
A melhor direção.

padrão

vou me espremendo
busco um lugar
meio apertada
na multidão.
chego afobada
e vejo:
loiras em bando
em um esquadrão.
lindas e magras
de salto agulha
só conhecem uma:
beleza padrão.
nada as difere
cheias de bronze
igual tom de pele.
tomam os prédios
por passarela.
se a moda mandar
usam até
roupa amarela.
que triste!
total desespero
seguir todo dia
o mesmo modelo.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

FORO CENTRAL

Enorme é a espera:
perde-se a hora.
Gente que passa
anda apressada
de um lado pro outro
remoendo suas mágoas
desfilando mau gosto.
Vida suspensas
digerindo sentenças.
Prazos, pedidos,
Recursos sem fim.
Velhinhos morrendo:
Longa é a demora.
Urgências são pra já,
Pra agora.
Caos instaurado
Gente sofrendo:
Com a falta de tudo.
E a poeira crescendo.
Sufoco mil lágrimas
Confesso.
Acesso à justiça?
Um lento processo.

terça-feira, 1 de abril de 2008

social

Há necessidades
E há direitos.
Descumpridos,
Violados:
Estreitos.
Dependentes e carentes
Vivem à margem.
Absoluta carência,
Dolorosa insuficiência,
Não vêem atendidas
Suas mais básicas urgências.
Sem teto
E sem chão,
Choram todo dia,
Essa falta de pão.