domingo, 29 de junho de 2008

fim de junho

Se a vida aparecer
Toda se rindo
Te fazendo graça
Aceita.

Feita a promessa
De amor leve
Fumaça e risada
Entra nessa.

Se o caminho
For o chão branco
Ao lado de uma taça de vinho
Não pensa
E deita.

Não pensa:
Amanhã
sempre chega.


Joga todas as fichas
No jogo da vida
Que acontece agora
De todo o resto?
Desliga.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

fabi recebe

Meu melhor e mais querido amigo, Caju, escreveu essa linda poesia pra mim. Não pude deixar de publicar. Aí vai:


"A dor que ao homem comum faz gemer
Ao poeta, faz escrever
A faca que sem pingar qualquer gota de sangue no chão
Ao poeta, é pura inspiração
A tristeza que paralisa, que transborda o rio de lágrimas
Ao poeta, resulta em páginas.
Cada um sofre no seu tempo e a sua maneira
Talvez o poeta, para manter sua saga, a vida inteira."

quarta-feira, 25 de junho de 2008

ciber reflexões

Tenho pensado bastante sobre o mundo virtual, mais exatamente sobre o já indispensável MSN.
Ou ainda: sobre a personalidade que assumimos na frente de uma tela de computador. Ali, falamos pelos dedos rápidos que percorrem o teclado, disparando toda sorte de insanidades que jamais sairiam da boca num contato cara a cara. No MSN tudo é permitido. A distância física e a possibilidade de pensar um pouco antes de digitar respostas nos encorajam a sermos outros. Ou apenas nos tornamos um pouco mais do que realmente somos.
O mundo virtual nos autoriza a obscenidade, o descaso (quem nunca deixou o outro esperando por uma resposta?), a fantasia, e o mais alarmante: a certeza de que, ao vivo, seguiremos nos tratando de forma recatada e polida. Cínica. Viramos um bando de cínicos.
Não consigo deixar de fazer um paralelo com o álcool, que nos “libera” por algum tempo, e depois somos perdoados por nossos atos insanos. Claro, sempre fica a ressaca, agora, virtual...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

hace frio

Foi o frio
Que congelou meus pensamentos
paralisou minhas mãos
anestesiou meus sentimentos.

De repente
Tudo parou
No zero de um ponteiro
Da hora que passou.

Olho pro céu procurando
Passarinho que voou
Sem encontrar seu ninho
Perdido ele cansou.

Imóvel no inverno
Sem chão
Sem cobertor
Passo agora os dias
Esperando algum calor.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

real life

De mansinho ela chega
Faz seu caminho entre coisas
imóveis num tempo
Que agora acabou.
Ganhando espaço
Derrubando pedaços
Daquilo que a gente
Nem lembra que foi.
Sacode saudades
Te vira do avesso
Sem perdão
nem recomeço.
Onde ficam as frestas
Faz ela sua festa.
Esconde o caminho
Brinca contigo
Agora tu
é o bobinho.
E sem saber
Ficas pulando
Tentando pegar
Peteca invisível
atada no ar.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

sem coragem de dar oi

Qual o curativo
Pra tapar buraco
De coração partido?
Qual o consolo
Pra quem amou
Sem nenhum retorno?
O que dizer de quem
Apenas logrou sonhar
Sem nunca jamais
Ter um ombro
Onde se apoiar?
Terá sido doença
Um amor que te invade
Sem pedir licença?
Como tirar
De ti
Um desconforto
Que te deixa sem saber
Se chora ou se ri?

a verdade a teus pés

É quase uma obsessão. Eu observo pés. Observo, e observo.
Pra mim, é nos pés que está a verdade. São eles que revelam as pequenas incorreções ou mesmo a falta de caráter que o rosto consegue esconder. E por isso eu não consigo desviar meus olhos dos pés alheios. Sou curiosa, e sempre que vejo um pé à mostra me ponho a procurar neles tudo o que o resto da pessoa oculta.
A verdade dos pés não se resume à formação anatômica. Há todo um mundo ligado a eles. A maneira como se colocam quando a pessoa está deitada, descansando. Ou o modo com que brincam no ar, pendendo de uma perna cruzada. Ou ainda, os movimento feitos com força ao pisar o solo. Sem falar nos sapatos que vestem os pés. Acho até que a minha (obsessiva) paixão por sapatos decorre da obsessão que tenho por pés. Também os sapatos são reveladores.
Muita gente já se redimiu comigo por causa dos pés, sem nem imaginar, é claro. Um dos casos que mais me comove é o daquelas pessoas aparentemente agressivas (e porque não dizer: amargas mesmo), mas donas de pés desenhados com meiguice. Parece que o pé tem uma vida paralela àquela pessoa.
E digo mais: o pé preserva o que a vida já destruiu.

sábado, 7 de junho de 2008

ando só

Ando só
E parece que só andarei
Revendo caminhos
E amores que deixei.

Memórias passadas
Borbulhos de paixão
Noites com sorvete
Cobertas pelo chão.

Já vivi com dor
Matei a morte
E ganhei alma nova
Pisando o tempo
Num mundo de flor.

Agora espero
No meio dos livros
Que a solidão vá embora
Em largos passinhos
Deixando pra mim
Portas abertas
E um pouco de som.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Variação de flores
Desejos e sabores
Sorver o novo
Sem deixar o antigo
Gozar cada minuto:
Um sonho de amigo.

Quem sabe quantas estrelas
Habitam meu pensar?
Cada qual com seu brilho
Começo a voar.

Vontade-surpresa
Frio e preguiça
Às vezes
Só café esquenta:
Uma noite em claro
Quem agüenta?

Por certo o devaneio
Terá lá ficado
Em algum canto do quarto
Perdido
Ou guardado.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Mist!

Não esquece
De manter o foco
A vida não se move
Em monobloco.

Compra sal
E prepara a sopa
Deixa ferver
Enquanto tiras a roupa
Do dia que foi
Puro tormento.

Os temperos te lembram
Algum sentimento
Perdido na infância
Inocência perdida
Não deixa lembrança.

Espera que o sol chegará
Com suas cores vibrantes
Aquecendo teus pés
Alegria de instantes.

o susto

Diante do susto
Não há maturidade que persista:
Virá o surto,
Por mais que se resista.

O descontrole
Não tem controle.
Surge berrando
Qual criança com fome.

Esquece o curativo!
Fratura exposta
Só tempo cura
Ou reforça a aposta.