sexta-feira, 29 de agosto de 2008

quarta, a tarde

Passado o mormaço
Morre no morro
A tarde.

Passarinhos cantando
Lembram que o dia
Já está acabando.

Como será a noite?
Talvez uma surpresa
Desejo ou vontade
Aqueçam a noite:
Memória da tarde.

amor líquido

Dizem por aí
Do amor líquido.

Sempre líquido
É o amor.
Que num repente se espalha
Sem cor e sem forma
Te invade
Te molha
Atrapalha.

Não sabe o caminho
Te cobre
descobre
Gota a gota.
Pingando de leve
do canto da boca.

Fluido de amor
Em fim de festa
Embaça o pudor
Liquefaz teu suor.


quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Faz parte das necessidades humanas a busca de algumas verdades. Na forma de certezas, de histórias, de fatos, de fotos, de filmes. A forma é um só um detalhe. O que a gente quer mesmo é aquela confirmação definitiva, que servirá como um referencial para todo o resto. A verdade como bússola. O arquétipo da certeza.
Assim, coloco aqui uma das verdades que andaram cruzando meu caminho. Não fui eu que formulei, copiei de uma amiga, que copiou de um amigo...e certamente alguém há de me copiar, dado o caráter universal e definitivo das seguintes palavras:

“Três coisas irreversíveis: o tempo, as palavras e as oportunidades."

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

PAUSA

Feita a aposta
Há de ser o tempo
A única resposta.

Coloquei todas as cartas na mesa
Despejei meu medo, insegurança
Incerteza.

Dura é a espera
Perco o rumo
Esqueço do chão
Piso somente no ar
Prendo a respiração.

Quem sabe do jogo
O resultado?
Apenas desejos
Largas idéias
De estar contigo
Ter-te a meu lado.

domingo, 24 de agosto de 2008

sem medo

É a certeza
De tua alma em flor
Que abafa meu medo
De viver com dor.

Do turbilhão dos dias
Em que ando sozinha
Vem uma brisa
Alento da espera
De quem sempre caminha.

Rumo ao futuro
Ainda incerto
de estar contigo
sempre bem perto.

Amigo, parceiro
Amante certeiro
Te quero assim
Sempre inteiro.

sábado, 23 de agosto de 2008

caixa de amor

Recebi uma caixa
Surpresa de amor
Amor que não passa.

Fica guardado
No tempo e no espaço
Esperando a hora
De dar novo passo.

Renovo meus votos
Refaço a promessa
De amar sem demora
Sem nem uma pressa.

Sorrio sozinha
Lembrando amor
Que trago guardado
Ansiando a visita
Que chega em breve
Da cidade vizinha.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

delirios insones

Noite de insônia
Cabeça girando
Quase caindo
Pra fora do corpo.
Desejo o sossego
Que tem sido pouco.

Fantasmas reais
De carne e osso
Surgem assim
Num repente de louco.

Pra falta de sono
Não existe remédio
Passa o tempo:
Nunca o tédio.

Espero do santo
alguma resposta
deixei-o entrar
abri minhas portas.

Sem embaraço
Entrou sem licença
Impossível agora
Evitar a certeza
Da sua presença.

domingo, 17 de agosto de 2008

HOMENAGEM

Muito raramente eu publico aqui escritos que não os meus. Não porque não haja autores que mereçam, mas porque a idéia deste blog é publicar as minhas próprias brincadeiras com as letras. Mas, de tempos em tempos, abro uma exceção. É o caso de hoje, onde presto a minha homenagem a MANUEL BANDEIRA, autor deste belíssimo poema. Aí vai:



POEMA SÓ PARA JAIME OVALLE

Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da
[noite.
Então me levantei,
Bebi o café que eu mesmo preparei,
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei
[pensando...
- Humildemente pensando na vida e nas mulheres
[que amei.

chuva de domingo

Deixo a chuva do domingo
Tomar conta do meu dia.
Nada quero
Apenas preguiça
melancolia sorrateira
que espreita meus passos
agarrada na soleira.

Momento- digestão
Das flores e dos sapos
Engolidos sem perdão
Em minutos ligeiros
Sem repouso
e sem tensão.

Domingo é dia
De cultivar a tristeza
Mandar embora a euforia
A pressa e a certeza.

Pequenos enganos
Esquecidos pelo chão
Quero vê-los longe
Da verdade e da razão.

Segue a chuva
Pingo a pingo
Gotejando sem pesar
Mais um dia de domingo.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

reencontro

Já andei perdida
Sem sumo
ressecada
Caída.

Enlace apertado
coro do canto afinado
Lembrou que a dor no peito
Já havia passado.

Um momento de silêncio
Recupera a meada
Do fio que andara sumido
Percorrendo a calçada.

Encontro aliviada
Num passado logo ali
caminho esquecido
nesses dias que perdi.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

aridez

É hora de encerrar:
O capítulo de aridez
De minha solteirice.
Dia após dia
Liberdade sem limite.

Quero clausura
Sensação de aperto
amor sem cura.

Engana quem me vê
Sorrindo independência
Quero aconchego
Parceria e dormência.

Companhia pra dormir
Alegria ao acordar
Abraçada pelo dia
Que ajudei a clarear.

Cumplicidade
com quem conhece meus defeitos
Ri comigo
e acha bonito
Se fico sem jeito.


planta de estufa

Alguns caminhos
Só apontam saída
Viagem sem volta
Alma partida.

Há esperas
Sem qualquer retorno
Angústia, ferida
Falta de sono.

Muita dor
Não se explica
Sequer se entende
Só se sabe que bate
E fica.

Planta de estufa
Criada sozinha
Ignora o mundo
Da estufa vizinha.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

mundo de fabi

Já cansei
De avental branco
Derramado de vaidade
Falta de cabelo
Lábia com maldade.

Não suporto mais
Ouvir papo de normal
Não-fumantes
Comida natural.

Abomino
Gente sem defeito
Moral inabalável
Brilho por fora
Por dentro: despeito.

Agora lamento
secura de lágrimas
tempestade sem vento.

Quero o mundo mais louco
Sem vergonha nem pena
Lugar pro muito
E pro pouco.

Risada forte
Gritando verdades
Matando a morte.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

pra noite deste dia

Pra noite deste dia
Eu só desejo ver o mundo
Com olhos de criança
Que ouve duas vezes
A própria voz
Sorri e não cansa.

Queria eu
Pra noite deste dia
Olhar pra cima
E ver apenas o céu.
Com ou sem estrela
Apenas sentar
Esquecer meu papel.

Quisera eu
Ser lançada no ar
Pra viver mais um
dia sem par.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

despedida

Ando no vácuo
Sem flor e sem som.
Cercada de nada
Só papel de bombom.

Pacato desencanto
pouco me aquece
não brota o pranto
de encontrar na lixeira
embalagem vazia
perdida num canto.

Dor de saudade
Só aparece depois
Que a tristeza me invade.