segunda-feira, 29 de setembro de 2008

afundando

Estou exausta
De buscar resposta
Olho pra casa
Mas não consigo
Tirar o nariz da porta.

Preciso que seja verdade
Que a estrada vai
Além do que se vê.

Como na letra de uma música
Que ouço mil vezes
Quase uma súplica.

Tem que ter mais
Do que essa correria
Desenfreada
Que se repete
Dia a dia.

Se o barco afunda
Preciso nadar.
Mas por alguns instantes
Só sei afundar.

domingo, 28 de setembro de 2008

Gespenster

Não é indolor
O farejo da verdade
fatos
essência.
Sem dó
nem maldade.

A dura crueza
Da transparência
Perturbam o estômago
E a consciência.

Todo discurso
De fé e paciência
Somem diante
Da total impotência.

O que está consumado
Só retorna no tempo
Pra alertar os fantasmas:
amigos cinzentos.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

lar doce lar

De onde virá
Tanta sujeira?
Dos pés que apressados
Andaram pela rua?
Ou pelo buraco da soleira?

Passa vassoura
Aspirador e pano
E nunca acaba a poeira.

Sempre tem um pratinho
Esperando o detergente
Ou uma caneca perdida
Usada pro chá quente.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

manhã

Serão teus
Todos meus afagos
Calor da pele
Abraços apertados.

Noites imediatas
Paradas apenas
Pra repor a água

E virão então
As manhãs sonolentas
De amor sem pressa
E bocas sedentas.

Tomaremos café
Olhando a paisagem
Vendo quem passa
Sem supor sequer
O quanto a gente
Ainda se quer.

TPN

Tempestade armada
Vento a soprar
A água me puxa
Sinto afogar...

Vejo a corda
E hesito em pegar
Será preciso
Estar amarrada
Enquanto meus braços
Procuram o ar?

Será uma escolha
A terra
Ou o mar?

ENFIM

SERÁ MESMO VERDADE
QUE O NOVO COMEÇO
SÓ SE DEFINE
PELO ÚLTIMO FIM?

QUE SENDO TUAS
MINHAS VONTADES
JÁ NÃO CABEM ELAS
MAIS EM MIM?

QUE A VERDADE
NESSA HISTÓRIA
É UMA PROMESSA
SORRATEIRA
E RUIM?

ALGUÉM PODE ME EXPLICAR
ENFIM?

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

clima de despedida

Chegou o dia
De deixar pra trás
A minha fantasia.

Hoje te deixo
Não quero falar.

Larguei teu poema
Perdido num livro
E virei a página
Comecei a andar.

Até mesmo o dia
Precisa acabar
Pra que possa a noite
encontrar seu lugar.


domingo, 21 de setembro de 2008

fim do domingo

O futuro?
Não posso vê-lo.
Sinto de leve
Vidas se enrolando
Fios enlaçados:
Lã e novelo.

Nessa noite
Acredito
Em visita da saudade
Sem rumo e sem destino
Prazer por vontade.

Fim do domingo.
Lembro da chuva
Noite tranqüila
Sem nenhum respingo.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

fora de foco

Meus olhos tontos
Não conseguem achar
O ponto fixo
A direção do olhar.

Todo o entorno
Parece vibrar
E me perco
Disperso
Começo a voar.

O vazio de idéias
Talvez se assemelhe
Ao barulho do mar
Constante
Presente
Basta escutar.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

crianças a caminho

Pega as pedras do caminho
E joga na água
Hão de fazer barulho
Assustar passarinho.

Nos rios lacrimosos
Põe teu barquinho
De madeira ou papel
Deixa correr
Ele acha o céu.

Segura a vida
Levanta as mãos
Agradece os presentes
Beija as crianças
Que já nasceram
Ou nascerão.

domingo, 14 de setembro de 2008

Feito chuva de verão
Despenca a vida
Começa em botão.

Cheia de promessas
Encantos
E planos
Retomando seu curso
Após tantos anos...

Completo o ciclo
Que segue sem cessar
Pipocam alegrias
Dias sem par.

O futuro chegou.

Coragem de quem
Soube enxergar
Novo dia se abrindo
Nova chance de amar.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

alento

No fim da estrada.
Está o alento
Pra quem seguiu
O rumo do nada
Caminho de vento.

Depois do sufoco
Da espera da chuva
Que sempre passa
Somem as nuvens
seca a ressaca.

Vencido o espanto
Da surpresa surgida
Em meio ao encanto
Brilham idéias
De repouso sem pranto.

Esqueço as dúvidas
Deixo-as num canto
Suponho o futuro
Visto agora
O sonho de branco.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

exposição

Hoje escutei
Que pra aprender
É preciso se expor.
Parar de tirar
Aprender a por.

Então me apresento
Abro a janela
Tiro a tampa
Espio a panela.

Pouco a pouco eu mostro
Pedaços de mim.
Taras, vontades, fraquezas.
Aprisiono memórias
Coleciono surpresas.

Digo quem sou:
Humana
Visceral
Mundana.

Vivo a estética
Invento meus dias
atropelo a ética.

Da quebra de ossos
Não tenho mais medo
Só vale a verdade.
Aprendo.
É cedo.