segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

esperado

Mil gracejos faz a vida
Revelando culpas
Após a ferida.

Rotina do nada
Dias mirando o teto
Rompendo barreiras
Salvando afetos.

Repassar o passado
Vê-lo aberto
Ou lacrado.

Sempre a dor
Avivando desgraças.

Perdão empacado
Que graça da vida:
já era esperado.

sábado, 20 de dezembro de 2008

FELIZ ANO NOVO

Fim da linha.
De uma delas.
Ainda outras virão.

E passarei por elas
Mesmo sem saber
Aonde vão.

Ora espiar
Pegadas que ficaram atrás
Adivinhar seu eco
Passos errados
E certos.

Alegria de saber
Que há ainda
Muito a suceder.

Do outro lado do muro
A vida vai aparecer.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

registro

Nas mesas de bar, volta sempre o mesmo assunto: os jogos mal sucedidos do amor. Ou qualquer outro nome que expresse essa perplexidade que nos toma de assalto ao constatarmos o óbvio: a vida anda muito estranha.
Tenho a sensação que desaprendi a jogar, se é que algum dia eu soube. Nunca fui adepta de estratégias, menos ainda de trapaças. Deve ser por isso que me perco fácil nas jogadas do adversário, que para mim, deveria ser antes um parceiro. Não sei bem o que fazer, se seguro a bola ou se devo chutá-la pra frente com vontade, o que na verdade é meu desejo mais intenso.
Dizem por aí que um "não" é o mais poderoso dos afrodisíacos, o que me faz pensar quanta carga de masoquismo é necessária para se fazer algum ponto. Por certo que não acharei resposta, e nem é esta minha intenção. Deixo aqui apenas um registro, formal (ainda que virtual) do quanto eu ainda não sei viver.
Aguardo dicas.

sábado, 6 de dezembro de 2008

epifania

Surpresa do inesperado
Epifania do rio
Brotou sem pecado.

Num instante
Refuto
Todo anterior
Conceito virado.

Olhos curiosos
Virilidade imponente
Presença vibrante
Arrancou de mim
Pensamento incessante.
Não estou só
Trago comigo a sorte
De ter por perto
Um quintal florido
Sem portas
Nem corte.

Às vezes
Um cão amigo
Que não late
Não morde.

Segue meus passos
Alegre no trote
Procura por mim.
Se preciso,
Me acode.

Brilho do sol
No fim da minha tarde
Epifania sem nome
Som sem alarde.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

eterna agonia


Cá estou de novo
Sentada à espera.
Daquela fantasia
Quicá quimera.

No labirinto da minha racionalidade
Refaço caminhos
Percorro a cidade.

Dentro da minha cabeça
Apitam tambores.
Pássaros velozes
Misturam as cores.

Embrulho no ventre
Tento me distrair
Ficção de calmaria
Enquanto pipoca
Eterna agonia.