segunda-feira, 31 de agosto de 2009

amanhã, outro dia

Então está mentindo
Quem nunca passou
Um dia de pijama
Sem banho
Acordando e dormindo.

Tentando esquecer
Os tormentos que a vida
Não cansa de trazer.

As soluções existem
Isso é certo.
Embora demorem
Um dia chegam perto.

Enquanto isso
Vale abrir a janela
Respirar o dia
Cuspir pela sacada
Os restos de agonia.

Vale ler jornal velho
Conversar com plantinhas
Chorar no ombro de um amigo
E rir da melancolia.

Pode acreditar:
Amanhã
É outro dia.

sábado, 22 de agosto de 2009

lua minguante

Esta noite quando saí na rua
Dava pra ver
O lado escuro da lua.

Minguante ela estava
Só um risquinho
Parecia um sorriso
Limpo, branquinho.

Ironia do dia
Em que não só a lua
Mostrou que às vezes
O brilho se oculta.

Respingos de cólera
Lembram do escuro
Quando faz a sua hora.

Hoje a lua se fez pequininha
Como meu coração de menina
Que cansa de ser boazinha.

domingo, 16 de agosto de 2009

era uma vez...

Abandonei a ilusão do controle
Vou passar os meus dias
Sem sentir fome.

Se o sol brilhar
Aproveito a luz
E se por acaso chover
Abro o pink da minha sombrinha
E faço da chuva
Uma amiga querida.

Ontem já passou
E a memória que fica
É de algo bom.

Vou colecionar os pedaços
Fazer o meu álbum
De belos retratos.

Cultivando o espaço
Revolvendo a terra
Arejando o terreno
O silêncio
Não erra.



sexta-feira, 14 de agosto de 2009

sexta-feira, 14

Peço às letras um socorro
Mais uma vez
Não sei o que sinto
E não sei se corro.

Uso então
De algumas palavras
Que mostrem o rumo
O caminho de casa.

Impossível sorrir
De noite e de dia
Nos momentos sombrios
Fico mais fria.

Então penso
No sorriso de Luiza
Que hoje vem me abraçar
E com seu olhar mais doce
Transforma tempestade
Em brisa.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

novos mundos

Um mundo é pouco
Preciso também
Do horizonte dos outros.

Saber o que vêem
Como escutam
O que comem
Por que labutam.

Conhecendo o estranho
Passa ele pra mim
Agora também é meu
É ciclo sem fim.

Vendo a novidade
Desperto mais um pouco
Do que sou
É mais uma peça do jogo.

Vou juntando os pedaços
Espero que nunca fique pronto.

kinderovo

Que importa o tempo?
Um ano ou dez dias:
O amor é rebento.

Nasce de uma só vez
Mostra-se todo
Basta enxergá-lo
Como as caravelas
Que os índios se acostumaram
A ver
Tendo sob os pés
Areia fofa e amarela.

O tempo
Às vezes
Não existe.

E quando pesa
É pela demora
Em passar
Mais uma noite acordada
Sabendo da euforia
Da manhã que chega
Cheia de preguiça.

O amor que arrebenta
Porque rebento
Aparece de surpresa.

É presente deixado
Sem intenção
No canto da mesa.

Quais olhos divisam
A beleza deixada
Por certo pra mim
No fim da festa?
Agora
Acabou a tristeza.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

o sol brilha. isso é suficiente.

Pois hoje que amanheceu tão nublado
Não daria pra imaginar que o sol surgiria
Por todos os lados.

No meio da tarde peguei carona
Com um velhinho que sabe
Que em breve,
Parte.

Contou-me uma história
A sua verdade
Por medo de ir
E ficar esquecido
Escreveu um poema
Um pouco sofrido.

Achei uma graça
Ouvir declamar
O motorista
Do carro de praça.

agonizante

Eu, mulher, sou feita de agonia
A espera do que quer que seja
É aflição, é sangria.

Como suportar
Até que cheguem respostas
Só no outro dia?

Minha alma fêmea
Inveja a calma dos machos
Do seu futebol
Parceria e churrascos.

Mulher agoniza
Pelo que já foi
E por tudo que virá.

Posso falar por mim
Que ainda faço força
Pra não sair pela rua
Gritando sem parar.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

i'm ready

Ainda antes da inspiração
Vem o encanto
Banhado em admiração.

Contemplar longamente
Vendo imenso e belo
O amor da gente.

Já houve tempo
Em que olhava
E lá nada havia
Meu olhar desviava.

Agora existe
Nova porta
Ou quem sabe janela?
Por onde enxergo
Som que me comove
Me derrama
Absorve.

Primavera antecipada
Vou sorvendo as flores
Inesperadas
Matinais
Musicadas.