terça-feira, 27 de outubro de 2009

garimpo. em homenagem a F.

Recolhida
Espreitando os dias
Antenas ligadas
Nas palavras não ditas.

Feito bicho à procura
Do melhor momento
Pra fazer sua busca.

Alimento escondido
Disfarçado de lixo.

Garimpar é preciso,
Me disse um amigo.

Achar entre as pedras
Algo precioso
Que valha a busca
Sem perder o compasso.

Preciso de pausa
Pra vencer o cansaço
Fazer novos caminhos
Aprender outros mapas
E no final da viagem
Ser encontrada.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

devagar

Coincidiu a primavera
Com o romper do dia
Em que a raiva
Perdeu pra alegria.

Deve ter sido o anúncio
Lampejos de calor
Que desfez o gelo
Em pequenas gotas de humor.

Memória de vozes
Agora tão distantes
Admirando o desamor.

Mudanças. Lentas. Brandas.
O fim de comer a vida a mordidas.
É tempo de sorver
Temperos suaves
Colheradas calmas. Espaçadas.

Fim do tempo.
Da pressa.
E da falta de esperança.
Nova estação, novas lembranças.


sábado, 10 de outubro de 2009

isso é deus (uma resposta aos ateus)

Inesperados
São os melhores encontros
Quase beijo roubado.

São pequenos recados
Mandados por Deus
Sinais de simplicidade
Um abraço da vida
Em quem tava com saudade.

Saudade do calor do sol
Do olho brilhando de novo
Por pequenos regalos
Mas cheios de recheio.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

aparecendo

Afastando as cobertas
Descobrindo flores
Revelando nuances
Que estavam escondidas
Causando rumores.

Em algum momento
Abre-se a cortina
E quem aparece
É também menina.
Exalando fortaleza
Zombando dos fracos
Exibindo certeza.

Queria esconder
Sua face mais branda
Seu sentir que transborda
Besteiras irracionais.

Vai parar de criar regras
Pra cessar o transgredir.

domingo, 4 de outubro de 2009

give peace a chance

Estou fazendo as pazes comigo
Não posso ficar
No papel do meu inimigo.

Acabei acatando
Meia dúzia de erros
Ficados lá atrás
Fazendo peso.

Vou perdoar
Desejos frustrados
Sonhos rompidos
Amores errados.

Minha vida
Não decido sozinha
Depende do giro
Do dia e da graça
Pra onde caminha.

Amanhã tem abraço
Crianças, churrasco.
Vai ter festa no almoço
E de sobremesa,
Doce de coco.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

setembro, já era

Não foi a força do sol
Nem a limpeza da chuva.
De repente
Nada se escuta.

Grilos falantes
Agora calados
Cansados talvez
Morreram de enfado.

Numa piscada
Saiu o cisco
E o machucado do olho
Já está resolvido.

Se foi
Assim como chegou
Causou alvoroço
Mas setembro
Acabou.