domingo, 28 de março de 2010

pedazo de mi alma

não evitar
o inevitável
a chuva alcança:
inútil proteção.

a água cinza
é palco.
alma alçada
sentido confirmado.

cumplicidade trocada
entre soluço e risada.

mudança de vento
soprando futuro.

ciclo do tempo
companheira de vida
diversão impagável
sem despedida.

segunda-feira, 22 de março de 2010

'lunes al sol'

nem mais um dia
mergulhado em sombra
afogo a melancolia.
minha tristeza não se alonga
dura o tempo de um disco
quiçá uma milonga.
subo e desço uma serra
um looping de vida
sopro da mata.
mesmo de longe
enxerguei a cascata
água descendo nas pedras.
ainda que perca o vôo
não perco a viagem.

quarta-feira, 17 de março de 2010

um dia

a manhã começou com um sol agradável de fim de verão, enquanto eu, ainda sonolenta, refazia a rotina de todas as manhãs, buscando no armário qualquer coisa que não fosse jeans, e mesmo assim, pudesse me garantir uma aparência ainda jovem. já na rua os ombros largos de um menino me distrairam do meu livro de capa vermelha. pensei que certamente seria gay, mais um, nesse universo complexo que é o mundo de hoje, nessa cidade confusa, que mescla pessoas excessivamente conservadoras e fakes de modernidade. na subida da anita vi uma casinha sendo demolida, daquelas com portãozinho e caixa de luz na entrada, o que me fez lembrar as casas do cassino da minha infância, mas sem o portãozinho, porque naqueles tempos não eram necessários. engraçado como a infância é associada a cheiros, e imediatamente senti cheiro de grama recém cortada, e senti o incômodo de andar de pés descalços na grama, que me causam uma coceira imediata e descontrolada. o dia foi daqueles de sonolência permanente, produtivo e distante. na minha cabeça uma música o tempo todo repetindo um refrão, redundando posto que refrão, e nascido pra isso, pra ser repetido.

domingo, 14 de março de 2010

stand by

toda essa calmaria
marasmo calado
ausência de euforia
fará de mim o quê?
me pergunto nesses dias.

virá tempestade
torrente
ou letargia?

meus fragmentos cansados
murchos
esmaecidos
conseguirão se unir
no mesmo quadro?

o que resta lá dentro
espera alimento
estímulo
um empurrão
pra se jogar no vento.

terça-feira, 9 de março de 2010

quisera eu também
deixar correr meu sangue
através de um espiral.

pedaço de metal torcido
pra contornar os excessos
de vingança que escorre
de todos meus botões.

a engenhoca faria
barreira em torno do medo
angústia de perder
um pedaço de raiz
que me obriga a viver
um pedaço da minha vida
que me obriga a ser.