tenho dito vida afora
que sou afortunada:
tenho amigas
que valem muito mais
que loteria acumulada.
aquelas amigas
que venho colhendo no caminho
que enfeitam minha vida
flores sem espinhos.
amizades que se constroem
de tantinho em tantinho
regadas de cumplicidade
verdades bem postas
e muito carinho.
aquelas amigas
pra começar a semana
com abraço apertado
e pra terminar a noite às gaitadas
por um portão arrebentado.
aquelas amigas
que de mim arrancam lágrimas
por recados deixados
no papel
ou na alma.
aquelas amigas
de uma vida inteira
pra dormir lado a lado
ou conversar a noite inteira.
terça-feira, 19 de dezembro de 2017
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
divã na veia
quantas descobertas
musicais
íntimas
emocionais.
2017 me pôs nua
deixou-me comigo
sozinha
no centro da lua.
2017 me ofereceu um espelho
mostrou-me verdades
tão duras
quanto cruas
isentas de vaidade.
custou-me um ano
começar o processo
de digerir tantos panos.
em 2017 só (brevivi)
tateando nos rastros
nos quais me perdi.
40 anos de cegueira
desvendada no divã
onde deitarei
dias após dia
até ficar sã.
terça-feira, 19 de setembro de 2017
confidência
na sexta,
no show da marisa
te vi de longe.
passei bem pertinho
quase ao teu lado
mas como te cabe
estavas (bem?)
acompanhado.
não me perturba
tua impossibilidade
compõe ela este quadro
de platonismo pintado.
às vezes
contudo
te tornas concreto
és pano de fundo
do meu cinema deserto.
invades minha tela
(e por ti morro)
és tu a fantasia
quando minhas mãos
visitam meu corpo.
no show da marisa
te vi de longe.
passei bem pertinho
quase ao teu lado
mas como te cabe
estavas (bem?)
acompanhado.
não me perturba
tua impossibilidade
compõe ela este quadro
de platonismo pintado.
às vezes
contudo
te tornas concreto
és pano de fundo
do meu cinema deserto.
invades minha tela
(e por ti morro)
és tu a fantasia
quando minhas mãos
visitam meu corpo.
domingo, 6 de agosto de 2017
lua cheia
passos renovados da rotina
hoje me levam
lua acima.
lua subindo cheia
impele meus suspiros
arrebata minhas teias.
lua que desvenda lentamente
as últimas camadas
da minha semente.
cultivada nas cinzas
de uma esperança perdida.
hoje com a lua
sai broto novinho
curioso pelo sol
despontando de fininho
espiada de olho só.
chamado de vida
que pede um novo amor
nova pele
em verdade esculpida.
um amor novinho em folha
que antes de tudo
me cheira
e me olha.
um amor pro fim da tarde
que termina em silêncio
sem nenhum alarde.
um amor de lua cheia
que antes de me ver nua
me ganha
e me aceita.
hoje me levam
lua acima.
lua subindo cheia
impele meus suspiros
arrebata minhas teias.
lua que desvenda lentamente
as últimas camadas
da minha semente.
cultivada nas cinzas
de uma esperança perdida.
hoje com a lua
sai broto novinho
curioso pelo sol
despontando de fininho
espiada de olho só.
chamado de vida
que pede um novo amor
nova pele
em verdade esculpida.
um amor novinho em folha
que antes de tudo
me cheira
e me olha.
um amor pro fim da tarde
que termina em silêncio
sem nenhum alarde.
um amor de lua cheia
que antes de me ver nua
me ganha
e me aceita.
segunda-feira, 31 de julho de 2017
julho revirado
esse julho revirado
deixo pra trás
junto das armas
ressentimento mordaz.
desisto das pedras
como fontes de vida
tratei de vê-las qual são:
duras e secas
(contudo)
degraus na subida.
só há um confronto:
comigo
e com as minhas feridas.
esse julho revirado
símbolo dos dias
de tormenta e fracasso.
esse julho revirado
que é também uma chance
de reinventar os meus laços.
e porque é julho procuro
cruzar a ponte
entre o que sei
e o que abafo.
quinta-feira, 6 de julho de 2017
uma flor no fim do dia
que toda essa ansiedade
que pula em meu peito
se converta em deleite
criatividade sem freio.
que a cada vilipêndio
a vida me mande um beijo.
que cada pedrada
deixe sua marca
como lembrete
como memória:
espírito que se refaz
e reinventa sua história.
que cada infortúnio
faça escola
me aponte o futuro.
que cada promessa ferida
não me deixe esquecer
de regar as cumpridas.
porque em cada hospício deserto
surgem novos
e preciosos afetos.
porque do caos
sempre brota amor
porque pra cada dia sofrido
te espera no fim uma flor.
quinta-feira, 25 de maio de 2017
RP
não é de hoje
que te admiro
às vezes de perto
mas sempre de longe.
agora mensal
meu suspiro por ti
em meio a tanta gente
meu olho sorri.
brilho e me aqueço
no calor da tua luz
na dignidade do teu discurso
na bondade que te conduz.
aquela camisa branquinha
eu queria tirar
liberar teu pescoço
e depois te cheirar.
fantasio à distância
teu gosto
teu beijo
tua frequência.
nisso tudo
não estou só
teu desejo é palpável
estômago em nó.
por ora calculo
quando virás
porque mesmo os tropeços
das tuas palavras
me fazem voar.
que te admiro
às vezes de perto
mas sempre de longe.
agora mensal
meu suspiro por ti
em meio a tanta gente
meu olho sorri.
brilho e me aqueço
no calor da tua luz
na dignidade do teu discurso
na bondade que te conduz.
aquela camisa branquinha
eu queria tirar
liberar teu pescoço
e depois te cheirar.
fantasio à distância
teu gosto
teu beijo
tua frequência.
nisso tudo
não estou só
teu desejo é palpável
estômago em nó.
por ora calculo
quando virás
porque mesmo os tropeços
das tuas palavras
me fazem voar.
quinta-feira, 6 de abril de 2017
seis de abril
a par de tantos indícios
espero que venhas
que a mudança tenha início.
apesar das evidências
tão claras
e sorrateiras
te quero comigo
nos meus termos
tão simples
e antigos.
contra tantas reticências
te busco.
imagino-me talvez
bem mais do que sou
por acreditar que podia
ter contigo meu show.
espero que venhas
que a mudança tenha início.
apesar das evidências
tão claras
e sorrateiras
te quero comigo
nos meus termos
tão simples
e antigos.
contra tantas reticências
te busco.
imagino-me talvez
bem mais do que sou
por acreditar que podia
ter contigo meu show.
05 de abril
sim, eu quero limite
traçar contornos
riscar com grafite.
quero mãos dadas
e mais
quero conforto
quero almofada.
sim, preciso de certezas
preciso de luz
constância
e clareza.
sim, sou humana
quero laços bem fortes
quero amor também
fora da cama.
traçar contornos
riscar com grafite.
quero mãos dadas
e mais
quero conforto
quero almofada.
sim, preciso de certezas
preciso de luz
constância
e clareza.
sim, sou humana
quero laços bem fortes
quero amor também
fora da cama.
02.04.2017
agora é hora
de romper a fantasia
silenciar minha casa
deixá-la vazia.
juntar as peças
espalhadas no tabuleiro
entender minhas jogadas
meus caminhos estreitos.
agora é hora
de deixar que o descanso
fermente os pesares
quebre os encantos.
de romper a fantasia
silenciar minha casa
deixá-la vazia.
juntar as peças
espalhadas no tabuleiro
entender minhas jogadas
meus caminhos estreitos.
agora é hora
de deixar que o descanso
fermente os pesares
quebre os encantos.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
24 horas
24 horas
é o tempo que levo
pra deixar a dor entrar.
sabia eu
que era líquida essa paixão
desde o começo
me vazando pelas mãos.
sempre me escapando
fugindo
me contornando.
tento bestamente
achar outras peles
enganar minha mente.
não consigo.
quero primeiro
limpar meu ouvido
afiar minha antena
e escutar minha voz
que não pára de gritar:
contigo não fico.
é o tempo que levo
pra deixar a dor entrar.
sabia eu
que era líquida essa paixão
desde o começo
me vazando pelas mãos.
sempre me escapando
fugindo
me contornando.
tento bestamente
achar outras peles
enganar minha mente.
não consigo.
quero primeiro
limpar meu ouvido
afiar minha antena
e escutar minha voz
que não pára de gritar:
contigo não fico.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2017
lúcida
tentei eu
te carregar com leveza
equilibrar meu desejo
na tua incerteza.
achei que seria tu
só uma noite na fogueira.
então te chamei
meio curiosa
meio não sei
essa tua escuridão
que tanto me puxa
quanto me põe em fuga.
essa tua lascívia
mistura de hormônio e doçura
enche de saliva minha boca
e compromete minha cura.
investigo teus sintomas
buscando entender
que problema é o teu
mas minha obsessão
é também lucidez
e sei muito bem
que a louca sou eu.
te carregar com leveza
equilibrar meu desejo
na tua incerteza.
achei que seria tu
só uma noite na fogueira.
então te chamei
meio curiosa
meio não sei
essa tua escuridão
que tanto me puxa
quanto me põe em fuga.
essa tua lascívia
mistura de hormônio e doçura
enche de saliva minha boca
e compromete minha cura.
investigo teus sintomas
buscando entender
que problema é o teu
mas minha obsessão
é também lucidez
e sei muito bem
que a louca sou eu.
sábado, 14 de janeiro de 2017
negro amor
não quero em vai e vem
teu coração.
esse movimento
quero na cama
te beijando
e arrastando o colchão.
porque contigo
é puro deleite:
tem saliva e risadas
mostrando os dentes.
mas quando não
deixo-te solto
não aperto botão.
só quero que voltes
dia sim
dia não.
teu coração.
esse movimento
quero na cama
te beijando
e arrastando o colchão.
porque contigo
é puro deleite:
tem saliva e risadas
mostrando os dentes.
mas quando não
deixo-te solto
não aperto botão.
só quero que voltes
dia sim
dia não.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2017
sobremesa
enquanto tu andas
distraída pela rua
ouvindo música que nem é a tua
caldeirão ferve:
bactérias
surpresas
chuva nas férias
a vida é descontrole, baby
e tu ficas em casa
recuperando corpo e alma
te afogando em água
mas desejando uísque
ou um abraço distante
daquele que disse
não vem cardápio pra vida
tu pede a entrada
e te dão logo a saída
não tem reserva de mesa:
então acha um lugar
e se te servirem
come a sobremesa.
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