esse julho revirado
deixo pra trás
junto das armas
ressentimento mordaz.
desisto das pedras
como fontes de vida
tratei de vê-las qual são:
duras e secas
(contudo)
degraus na subida.
só há um confronto:
comigo
e com as minhas feridas.
esse julho revirado
símbolo dos dias
de tormenta e fracasso.
esse julho revirado
que é também uma chance
de reinventar os meus laços.
e porque é julho procuro
cruzar a ponte
entre o que sei
e o que abafo.
que toda essa ansiedade
que pula em meu peito
se converta em deleite
criatividade sem freio.
que a cada vilipêndio
a vida me mande um beijo.
que cada pedrada
deixe sua marca
como lembrete
como memória:
espírito que se refaz
e reinventa sua história.
que cada infortúnio
faça escola
me aponte o futuro.
que cada promessa ferida
não me deixe esquecer
de regar as cumpridas.
porque em cada hospício deserto
surgem novos
e preciosos afetos.
porque do caos
sempre brota amor
porque pra cada dia sofrido
te espera no fim uma flor.