segunda-feira, 29 de junho de 2009

na memória

Tudo bem
Reconheço
Foi capricho
Mimo
Mais um adereço.

Que não combina comigo
Embora tão bonito!
Não sei bem porquê
Eu queria usar
Ainda que nada ficasse bem
Não formava par.

Agora é deixar pra lá
Mais um recuerdo
De enfeite
Apenas da memória.

sábado, 27 de junho de 2009

vai passar

Quando acordei hoje
Lembrei que ontem
Consegui dormir sem pensar
Nos teus olhados estreitos
Ficando pra trás.

Boa parte do dia
Dediquei à família.
Passei bem
Sem de ti me lembrar
Embora um vazio
Não me deixasse aquietar.

Mas quando chegou a noitinha
Senti que ainda
Estava em ti
E sozinha.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

pacote

De tempos em tempos
Perco meu centro.
Fico pensando
Empacada
Jogada num canto.

Sinto que demoro
A reagir.
Mas muda o vento
E resolvo:
Contas, tormentos.

Não pago mais
Por excessos.
Brigo pelo que ainda acho
Que parece certo.

Medos, dúvidas
Decepções
Incertezas.
O que fazer com tudo isso?

Mastigar,
Várias vezes.
Aceitar
Que fazem parte
Do pacote.
Nem sempre completo.

domingo, 21 de junho de 2009

vai saber? (letra de adriana calcanhoto)

Não vá pensando que determinou
Sobre o que só o amor pode saber
Só porque disse que não me quer
Não quer dizer que não vá querer
Pois tudo o que se sabe do amor
É que ele gosta muito de mudar
E pode aparecer onde ninguém ousaria supor
Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não tenha do que duvidar
Pensando bem, pode mesmo
Chegar a se arrepender
E pode ser então que seja tarde demais
Vai saber?
Não vá pensando que determinou
Sobre o que só o amor pode saber
Só porque disse que não me quer
Não quer dizer que não vá querer
Pois tudo o que se sabe do amor
É que ele gosta muito de se dar
E pode aparecer onde ninguém ousaria se pôr
Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não tenha o que considerar
Pensando bem, pode mesmo
Chegar a se arrepender
E pode ser então que seja tarde demais
Vai saber?
Vai saber?
Vai saber?
Não vá pensando que determinou
Sobre o que só o amor pode saber
Só porque disse que não me quer
Não quer dizer que não vá querer
Pois tudo o que se sabe do amor
É que ele gosta muito de jogar
E pode aparecer onde ninguém ousaria supor
Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não venha a reconsiderar
Pensando bem, pode mesmo
Chegar a se arrepender
E pode ser então que seja tarde demais...

sábado, 20 de junho de 2009

adeus insólito

Depois de uma noite
De longa mirada,
Algumas palavras
E muita fumaça
Encobriram mistério.
Desceu do carro,
Veio me dar um abraço,
Cheirou meu pescoço,
Beijou-me o rosto
E se foi...

escondidos

Foram alguns
Amores escondidos
Daqueles que não se fala:
Sussurros no ouvido.

Sempre o medo
Do barulho de chave na porta
Era honesta
Ainda que torta.

Já não há mais espaço
Pra amor solto
Sem laço.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

post mortem

Já faz mais de um ano
Que te escrevo versinhos
Românticos, bobinhos.

Parece que entraste
Com força e humor
Em parte do meu papel.

Sugando minha tinta
Ficas por aí
Sorrindo
Fazendo fita.

Que não ata o nó
E me escapa.
Também não desata o pó
E me engasga.

Então me vens
Com uma suposta surpresa
Prometendo contar-me
Pessoal e entre dentes.

Tento escapar
Do sonho que insiste
Martelar sem parar.
Será que, enfim...?

Curiosidade mata mais
Que apenas o gato
É prato pra dias
Bem gordo
E farto.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

amanhã

Já tirei todo lixo
Arrumei os armários
Casa limpa
Sem ratos.

Desfiz os enganos
Retirei a peneira
Que fingia servir
De escudo pra cegueira.

Mesmo das roupas
Ainda bonitas
Precisei abrir mão.
Pra deixar espaço
Pros vestidos de festa
Que usarei no verão.

Agora
Bebo aos mortos
Amanhã
Sempre é melhor.

domingo, 14 de junho de 2009

prato raso

Não faço macumba
Pra amarração
Nem tomo sopa
Em prato raso.

Sempre tenho
Guarda-chuva
Chiclete pro bafo
Perfume na blusa.

Mas não tem jeito
Nem patuá
Nem santo que ajude
A te poupar.

Às vezes
A gente apanha:
Chuva
Cuspida
E até pancada.

De graça
Por nada.

Sofisticado:
Sinônimo de quê?
Meio quilo de brilho
Tapando o vácuo.

sábado, 13 de junho de 2009

poeira

Paixão virando poeira
Dispersa
Perdeu-se
Já não mais existe.

Vento agora é furacão.
Bobeou:
Tropeça no salão.

Quem dera pudesse saber
Da impermanência
Alguma coisa.

Guardo uma briga
Pra depois.

Não quero perder
Saliva e suor
Com quem não imagina
Me ter por amor.


quarta-feira, 10 de junho de 2009

não acabou

Não acabou, eu sei
Mas por hoje terminou
Cansei.

Cumpri as tarefas
Aquelas formais
Mais um dia
Passado no cinza
Mal vi o sol.

Forcei o contato
Sinal de fumaça
Sem resposta no ato.

Reacendo um cheiro
Literalmente
Hoje pedia
Uma cama bem quente.

Fim da noite
Pés congelados
A mesma música
Sempre.

Hora de mudar.

dia estranho

Hoje não consegui acordar
Até levantei
Com os cabelos lavados
Passei um perfume
E fui trabalhar.

Minha cabeça andava
Numa noite de abril
Naquele meu bar.

Num desejo absurdo
Que se repete
Não consigo evitar.

Que dia estranho!
Não imagino como
Vai acabar.

domingo, 7 de junho de 2009

iguais

Então não somos todos loucos?
Às vezes cuspindo fogo.

Colecionando rolhas
Guardando lembranças
De épocas outras.

Com vergonha da família
Brigando pela louça?

Andando na rua
Sonhando estar sem roupa.

Mudando de rumo
Conforme o termômetro.

Somos todos iguais
Na maldade e na dor.

Desejando um par
Que nos faça reais.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

no meio da tarde

Quantas surpresas
Me reserva esta cidade!
Subindo ladeiras
No meio da tarde.

Descubro um bar
Uma nova amizade.

Em alguma ruela
Brota um sorriso
Interessado.
Antes ausente
Agora safado.

Bastou retirar
O coração da bandeja
Pro jogo virar.