segunda-feira, 27 de outubro de 2008

XUNY

Xuny só enxerga a casca
Ressente afogar-se
Se limpar a cara.

Foge do embate
Xuny é guerreiro calado
Custa a crer
Que possa estar errado.

Xuny teme
Não ser necessário
Precisa comandar o navio:
Ele é o corsário.

Xuny entendeu a mensagem
Que sua presença
Sempre é passagem.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

em aberto

É preciso acabar com o vício
De rever condutas.
Terminar a aventura
Sem muitas perguntas.

Evitar conclusões
Definitivas
Absolutas.

O movimento gera mudanças
No curso das águas
Ou das lembranças.

Nada pode ser tão certo
Que não deixe uma fresta
Um caminho aberto.

domingo, 19 de outubro de 2008

noite de sexta

Percebi o luxo que é
Dormir sem pensar
A que horas o sábado
Vai começar.

Deitar e esquecer
O dia que ficou
Sonhar mundo afora
apagar onde estou.

Pra talvez despertar
Quando a fome bater
Ou a luz acabar.

Viver 24 horas
Sem inventar
Uma só perguntinha
Uma bolha de ar.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O que é um nariz quando se pode ter um corpo inteiro?

Sai da minha frente, falido
Que agora eu vou passar:
Desfilando minha raiva
Sem pudor
E sem pesar.

Preciso vomitar
Qualquer resto de memória
Quero zerar o ponteiro
E te cuspir
Da minha glória.

cegueira

Alguém sabe a hora exata
De retirar a venda
E enxergar o som do tapa?

Pequenos enganos
Que deixei passar
Tropeçando no caminho
Sem conseguir desviar.

Sumiu a honestidade
Tomou forma de ar
Me deixou espantada
Com a cegueira que vi
Tomar meu olhar.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

fim de carreira

Quem não sabe
Ou tem preguiça de nadar
Devia ficar quietinho
E não entrar no mar.


Não se puxa uma arma
Sem intenção de atirar,
Há um grande risco
Da bala retornar.

Acenos de alegria
Promessas de verão
Passado na Bahia.
Agora, meu amigo, te digo:
Não.

Confusão já tenho a minha.
Seguirei com ela
Feliz
Sozinha.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

poema de um verso só

Tenho um coração
feito esponja.
Precisa estar cheio
Pra que não se esconda.


segunda-feira, 6 de outubro de 2008

PLANTA DE SOL

Sou daquelas plantas
Que se molha com freqüência
Preciso do sol sem medida
De calor e de dormência.

Não sou de me deitar
Em grama seca
E sem par.
Prefiro o barulho das ondas
O molhado do mar.

Tudo em mim transborda
Em mau humor ou risadas:
Palavras ou letras
Encontram a porta.

Pareço ter empacado
No meio da tempestade
Só aceito inteiro
Não me ofereça metade.

As não realizadas
Fantasias do dia
Passam para a noite
Em forma de poesia.

domingo, 5 de outubro de 2008

sol a pino

Não entrei nesse jogo
Pelo sofrimento
Entrei pra colher
A alegria do momento.

Não quero distância
Nem frutos
Que alimentem
Agonia e ânsia.

Quero sol a pino
Ao longo do dia
E estrelas reluzentes
Pra encerrar a folia.





quarta-feira, 1 de outubro de 2008

comum

Não me tomem por poeta
Sou apenas alguém
que se dispôs
A deixar uma fenda aberta.

Gosto mesmo
É de brincar com as palavras.
Ventilar idéias.
Contar minhas farpas.

Pretendo com as letras
Tirar algo mais
Colorir a melancolia
Que acompanha as rotinas.
Impor o meu tom
À luz de cada dia.

Se alguém com isso se encanta
Muito me alegra
Pouco me espanta.

Se produzo algum arrebatamento
É por mostrar a verdade
Da simplicidade ordinária
Do meu sentimento.

É por ser imperfeita e comum
Que encontro eco
Nos ouvidos de quem
também
É apenas mais um.