quarta-feira, 17 de março de 2010

um dia

a manhã começou com um sol agradável de fim de verão, enquanto eu, ainda sonolenta, refazia a rotina de todas as manhãs, buscando no armário qualquer coisa que não fosse jeans, e mesmo assim, pudesse me garantir uma aparência ainda jovem. já na rua os ombros largos de um menino me distrairam do meu livro de capa vermelha. pensei que certamente seria gay, mais um, nesse universo complexo que é o mundo de hoje, nessa cidade confusa, que mescla pessoas excessivamente conservadoras e fakes de modernidade. na subida da anita vi uma casinha sendo demolida, daquelas com portãozinho e caixa de luz na entrada, o que me fez lembrar as casas do cassino da minha infância, mas sem o portãozinho, porque naqueles tempos não eram necessários. engraçado como a infância é associada a cheiros, e imediatamente senti cheiro de grama recém cortada, e senti o incômodo de andar de pés descalços na grama, que me causam uma coceira imediata e descontrolada. o dia foi daqueles de sonolência permanente, produtivo e distante. na minha cabeça uma música o tempo todo repetindo um refrão, redundando posto que refrão, e nascido pra isso, pra ser repetido.

2 comentários:

Down the Rabbit-Hole disse...

Um dia cheio de sensações, às vezes tristes, às vezes nostálgicas, às vezes entediadas, e com direito à trilha sonora "full time"...

Débora disse...

Adorei fakes de modernidade!