quarta-feira, 26 de março de 2008

Queridos amigos

Faço hoje uma pequena pausa na poesia pra comentar a série “Queridos Amigos”.
Como começo gostaria de lamentar que a Globo só faça coisas tão boas de tempos em tempos. Essa série (e algumas outras) mostram a capacidade de fazer programas de qualidade, autênticos, verdadeiros, enriquecedores, e, sobretudo, extremamente humanos. Invariavelmente eu choro, no meio e no final de cada capítulo. E sei que não sou a única.
Parece-me que essa característica de humanidade real é que agrada tanto às pessoas. Ali aparecem histórias de vida verdadeiras, cheias de sofrimento, de angústias, de dúvidas, de desespero, mas também de descobertas, retomadas, recomeços.
Gosto muito da personagem Lena, brilhantemente interpretada pela Deborah Bloch. A Lena é de verdade. Já apostou todas as fichas num homem que foi covarde (soa redundante, né?), fez concessões inadmissíveis (por culpa) e pagou um preço bem alto. E mais: Lena é artista, pinta e tem uma lucidez assustadora.
Já o Ivan, o covarde, não merece nosso rancor. Ele escolheu viver enclausurado numa vida medíocre. Não pensem que alguém escolhe isso assim, voluntária e conscientemente. A gente faz escolhas usando as ferramentas de que dispõe. Para alguns, há poucos recursos, especialmente emocionais. Digo isso pra mim mesma, óbvio, tentando entender coisas que eu fiz e que hoje me parecem tão insanas.
E o Tito? Que alma pura! Um idealista de verdade. Alguém que vai além do discurso. Coitado, ele acredita na revolução. Não sabe ainda que o ser humano é meio estragado, nunca é completamente bom.
Não posso deixar de mencionar o núcleo GLS: os travestis meigos e dóceis e a dona Iraci, agora tão triste com a morte do seu Alberto.
O que me prende aos “Queridos Amigos” é que todo dia, a cada capítulo, eu aprendo alguma coisa, da vida e de mim.
E prá encerrar: o que é aquele cabelo asqueroso do Pingo???

2 comentários:

Anônimo disse...

Também adoro Queridos Amigos, Fabiana. São personagens reais. Pobre do Tito. Se soubesse no que o Brasil se transformou, não sei o que seria dele, sempre tão correto e idealista. Usastes a palavra certa: cabelo asqueroso o do Pingo. Poderiam ter encontrado um ator melhor(digo, mais bonito-he he he). Abraços.

Anônimo disse...

Ah! Amei esta sua frase: "A gente faz escolhas usando as ferramentas de que dispõe." Nunca havia pensado assim. Foi-me um crescimento.